A blusa de botão branca enfeitada com broches e a saia azul-marinho de pregas não fazem mais parte do guarda-roupa de Maria Helena Quelhas, de 71 anos. Mas o uniforme de normalista é uma das boas lembranças guardadas pela professora do Instituto Superior de Educação do Rio. Ela também foi aluna da instituição nos chamados “Anos Dourados”.
— Quando eu entrei para o Instituto de Educação, ser normalista era o sonho das moças. A concorrência era alta e a prova, difícil. Depois que passávamos, a cobrança era enorme. Nós tínhamos aula até de anatomia, com direito a dissecar cérebro.
Maria Helena hoje é professora do curso superior de Pedagogia oferecido pelo Iserj. O curso normal médio foi extinto no Instituto de Educação, no ano 2000. Atualmente, 600 alunos cursam Pedagogia na instituição.
— Agora, o professor precisa ter nível superior. Isso acabou um pouco com a tradição das normalistas. Hoje, o professor não é mais tão valorizado. Isso começa na sala de aula. As crianças não respeitam o profissional. Trabalhar com aluno do fundamental e médio é algo muito complicado — afirma Maria Helena, que se formou em 1961, e, 15 anos depois, se tornou professora do Iserj.
Ela conta que a única decepção como normalista foi não ter participado da tradicional Festa do Adeus, que marcava a formatura:
— No ano da minha turma, os alunos vaiaram o diretor e a festa foi suspensa.
Apesar de extinto no Instituto de Educação, o curso normal ainda atrai jovens no Rio. O Instituto de Educação Carmela Dutra, em Madureira, é um dos que oferecem formação de professores. Alunas da instituição sonham com a carreira em sala de aula.
— Sabemos das dificuldades, mas a vontade de ensinar é mais forte — diz Andrea Theodoro, de 20 anos.
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