A pesquisa foi feita com alunos do 9º ano e do Ensino Médio. O alerta é resultado de uma pesquisa inédita financiada pelo Banco Mundial em 60 escolas da rede, para monitorar o tempo despendido em cada atividade.
projeto-piloto feito em novembro comparou as práticas pedagógicas adotadas por professores de duas regionais: a de São Gonçalo, que teve desempenho baixo no Saerj, avaliação da rede, e a Serrana, que teve o segundo melhor Iderj.
Foto: Arte: O Dia
Arte: O Dia
31 minutos de aula
O estudo mostra que, nas piores escolas, os professores levam o dobro do tempo para fazer com que os alunos prestem atenção. As horas desperdiçadas com a administração da sala de aula estão longe do ideal recomendado pelo Banco Mundial, que é de 15%. Nas escolas da rede, é gasto 23% do tempo com a atividade.
Em uma aula de 50 minutos, 19 minutos são utilizados para organizar a sala. “Até hoje ninguém sabe dizer que práticas pedagógicas levam ao bom desempenho do aluno”, analisa Daniela Ribeiro, gestora de Planejamento do Núcleo de Pesquisa da Seeduc. Segundo ela, a avaliação não levou em conta a didática do professor ou o conteúdo das matérias. “A partir desse primeiro recorte, vamos identificar as melhores práticas de ensino e difundi-las para outras unidades, antecipa.
Desempenho brasileiro inferior ao da Colômbia
A pesquisa do Banco Mundial começou a ser aplicada no Brasil há três anos, em mil escolas de Minas Gerais, de Pernambuco e da Prefeitura do Rio. Antes disso, já havia sido feita em seis países da América Latina e do Caribe.
O desempenho brasileiro foi superior ao do México, Peru, República Dominicana e Jamaica. Empatou com o de Honduras e ficou atrás da Colômbia.
Consultores do órgão capacitaram coordenadores pedagógicos da própria rede para preencher os relatórios e cronometrar o tempo. “Os professores sabiam que eram monitorados. Foram avisados com antecedência”, explica Cecília Inez de Brito, da Regional Serrana, que atuou em Silva Jardim. “Com tanto acesso à tecnologia, é preciso que as aulas sejam mais atrativas para prender a atenção dos alunos”, avalia.
Tecnologia ajuda alunos
O velho quadro-negro é mais utilizado por professores de escolas com baixo desempenho. Nestas unidades, os alunos passam muito mais tempo copiando os deveres e não contam com material de apoio. No outro extremo, nas melhores unidades, as aulas são mais dinâmicas. Há maior uso de equipamentos de áudio e vídeo, apontou a pesquisa.
Enquanto nas escolas da Região Serrana 8% do tempo é reservado para pesquisas em computadores, nas de São Gonçalo o percentual é de apenas 3%.
Os professores das escolas que ficaram em segundo lugar no Saerj estimulam debates entre os alunos, usam mais livros, cadernos e materiais de escrita que tornam o aprendizado mais eficiente. “Apesar de não termos feito o cruzamento com o último Saerj, o resultado indica que a tecnologia faz diferença no desempenho escolar”, diz a gestora Daniela Ribeiro.